Rodrigo, 28 anos e uma vida tão simples como a localidade que o viu crescer.
Era um rapaz que dedicava grande parte do tempo à igreja e à arte floral e que até contou com o meu convite para a decoração da igreja em conjunto com a minha amiga Filipa aquando o batizado da Íris.
Elogiei-lhe o jeito para a arte floral e havia dias em que ia até ao meu trabalho para dois dedos de conversa, sendo que desta forma me punha a par das novidades.
Rodrigo dava catequese a uma meia dúzia de miúdos e tinha noutros tempos acompanhado mais alguns na colónia de férias... pelo que sei.
Começava então uma sexta-feira e deparo-me com isto...
Primeira reação: Choque.
Segunda reação: Choque.
Terceira reação: "Não é Rodrigo que conheço..."
As bocas falavam baixo e disfarçadamente. Os jornais esgotaram... os telefones começaram a tocar e as explicações não justificavam tal ato.
Rodrigo não podia agora justificar-se perante lobos que censuravam sem quês e porquês.
Fez capa de jornal pelo pior dos piores motivos. O caso aparece diariamente nos jornais, é comentado, é condenado, é criticado...
Chamam-lhe doença.
Doença no meu ver, é algo que pode ser tratado com medicação, que pode ser controlada...
E agora penso que até a palavra pedofilia é pesada, é feia... por algum motivo. O motivo pelo que esta palavra "transpira" medo, receio, desconfiança, nojo e raiva.
Mas Rodrigo confessou o quê?? Que abusou de crianças que são "abandonadas" pelos pais? Crianças que fumam, possivelmente se drogam e são deitados para a rua ao amanhecer?!
Podemos imaginar o quanto deve ter custado ao Rodrigo passar por tudo isto?! Porque isto doi... porque isto deixa marcas.
Deixem-se de julgamentos. Por vezes são pedras mandadas aos próprios telhados de vidro.
Enfim...
Rodrigo chorou e dizem eles que confessou e agora irá ser julgado pelo que fez. O choque continua e as expeculações aumentam com o avançar das (poucas) notícias.
E eu que dias atrás a propósito do Rodrigo, tinha comentado com a minha amiga Ângela "Eu cá gosto do Rodrigo, apesar do que possam dizer dele... eu gosto dele".
* Importante referir que nesta altura merecem todo o nosso apoio e respeito, os pais do Rodrigo (D. Judite e Sr. António José), seu irmão (Dionísio) e restante família.
