Quando me perguntam se prefiro ser cabra ou sacana ofereço, de bom grado, a resposta: S´a cana comportar pescado de grande porte, e das melhores procedências, não há por que não o ser (mais que não seja porque a mãe de todas as cabras é cega, e eu, até ver, vou conseguindo pescar alguma coisa do assunto).
É com isto que tenho assistido com profunda tristeza à escassez do peixe mais graúdo, daquele de enfartar a minhoca. Ora se formos a reparar bem, os cardumes são cada vez mais raros e os que aparecem não têm convencido a malta da pescaria, seja ela aquela pescaria meramente tipo hobbie ou mais naquela vertente desportiva.
E porque somos o que comemos, faço questão de estabelecer contacto nevrálgico com o pescado – vou directamente à espinha do animal, sem perder tempo a desfiar o lombinho com o garfo.
Para que conste, e certamente me perdoarão o toque xenófobo na análise de cardumes, mais facilmente deito a unha à sardinha portuguesa que a uma posta de bacalhau da Noruega.
Para encontrar vertebrados com sangre na guelra e nadar a bom nadar dos exemplares de aquário, não há como imprimir maior vigor à barbatana. A minha amiga Sofia acha que não nos devemos queixar ao leme da faina, e bem que tem elogiado os robalinhos de viveiro e as pescadinhas de rabo na boca.
Peixe miúdo serve para entreter o anzol apesar de tudo, porque o que a malta gosta mesmo é de tubarões. De tal forma que quase me doutorei nessa estirpe e por mero acaso não fui requisitada pelo Spielberg para a sua saga.
Por isso…
My friends embarquem na onda, aproveitem a maré porque pelo que a minha avó um dia me disse… “é fácil morder o isco e até s´acana aguentar. Os peixes, tanto quanto sei, não têm memória”. ;)
Ass: Pequena Sereia.