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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Talvez me inventes numa parede recentemente pintada e apenas vejas a imagem que idealizas, mas nada sou para além de algo que tu próprio criaste e no teu pensamento apenas me permites quando te apetece.
Não me importo com o silêncio quando não te exijo palavras, não me importo com o que possas julgar de mim quando à tua frente não posso agir... Aqui o que paira nas palavras que não são faladas é a dúvida do que sou mesmo para ti.
Quando o meu espírito descansa num mundo calmo e reconfortante, os pensamentos divagantes incentivam à palavra e ao entendimento... à calma. Mas quando a voz treme na altura de o fazer, existe então o discreto abismo que torna tudo bem mais perigoso e me acorda o desalento que prova que nada sou para ti. O impulso morre e a certeza de que nada há a fazer paira neste ambiente confuso de ideias e desistências.
Não posso pedir que me ouças quando as palavras não saiem e quando os teus braços não se podem abrir para alcançar a minha chegada. Não quero viver consoante as tuas vontades, as minhas demonstrações e as nossos desejos.
Naquele dia em que decidires pintar numa parede branca, a cor do que sou para ti... as palavras tomarão o sentido desejado e mais do que uma pessoa... sou um sentimento.
Quando uma pessoa é algo dentro de nós... não estamos sós... a não ser que ela desista e fique amarrada ao silêncio aguardando que este seja quebrado ou... alguém o sinta.

4 cores:

Anônimo disse...

As tuas palavras são para quem?
Diz-me quem é o merecedor destas palavras. Podes?

Anne R. disse...

São para o silêncio de alguém que nem sei se passa por aí para me "ouvir".
Talvez ouça... talvez não...
Apenas quero que seja a prova de que o tentei dizer e ele certamente irá compreender.

Anônimo disse...

O silêncio traduzido pela ausência das palavras, jamais transpareceu a verdade.

Essa traduz-se pelo ruído do coração, que bateu ao ritmo de cada aventura solitária que tiveste, amargando me a boca, e servindo de desculpa para esquecer as cores com que queria pintar o cenário do crime perfeito.

A verdade? “Quando uma pessoa é algo dentro de nós... não estamos sós...”

O que é certo é que a voz que te sai pela boca, nunca teve o mesmo timbre da palavra escrita pela caneta. Remeti-me ao silêncio.

Pequei, quando não te dei tempo.

Pequei , quando ansioso pela vontade de consumir tudo o que vai aí dentro, acabei a devorar-te para sacear a minha sede. E por isso soube sempre a pouco.

No final percebeste-me, mas nesse momento já eu tinha virado gelo, e não consegui agarrar-te mesmo desejando isso, acabei por injustamente te pagar na mesma moeda as aventuras de outrora.

A verdade, é que sempre fomos cúmplices dos mesmos crimes.

O dueto perfeito, para conquistar o nosso próprio mundo.

Tudo isto se resumiu a um Abraço, consegues?

Clyde

Anne R. disse...

Os crimes outrora cometidos por ti foram idênticos... mas em nada iguais ao que cometi.
Nunca deixei que a cumplicidade fosse camuflada por assuntos já passados e nunca mas mesmo nunca, ignorei pessoas por estar na companhia de outras.
Nunca te fiz passar por fúrias de ex-namorados que são apenas fantasmas do passado e não devemos permitir que estes nos tracem um destino.
Passei por isso... Ela sentia-se inferior e não soube ser cúmplice de um acto só dela.
Espero que te tenha feito feliz.

Parabéns Clyde. Hoje é um dia especial para ti. Um resto de dia feliz*.
Espero que tenhas cumprido a tradição que a tua mãe faz questão de manter logo pela manhã.

Bonnie.