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terça-feira, 11 de novembro de 2008

Janela discreta.

Fechei a porta com um ar altivo e cheio de certezas.
Eram segundos que cheiravam a realização e a glória. Tinha feito a minha parte e poderia finalmente voltar ao meu lugar.
Lá fora a noite estava fria. Tão fria como cada passo.
Teimei em não olhar para trás... Tinha medo que me observasses...
No meu rosto ficara espelhado o desejo de nunca te ter abandonado. Poderia ter ficado!!!
Agora a postura altiva e todas as certezas que tomavam conta de mim, faziam-me fraquezar a cada momento.
Os minutos passavam e nem um sinal teu.
O meu olhar ficou marcado nas paredes que nos separavam e o pensamento era pesado como o cheiro da despedida.
Queria que me pedisses para ficar mais um pouco... ou para toda a vida.
Não eram as palavras que me importavam. Era aquele gesto só teu... só pra mim.
O silêncio tomou conta de nós como tantas vezes havia acontecido e era essa a cumplicidade que sentia que tinha sido construída ao longo das nossas conversas recheadas de nada... e que eram tudo.
Agradecia o facto de existires... mas odiava a tua indiferença quando eu não voltava.
A minha alma passeava meio perdida num corpo vazio que nem acreditava ser meu.
Algo me fugia entre os dedos e depois de profundos segredos... o teu gesto cedeu.
Nunca precisei de avisar que ía passar novamente na tua vida, nunca precisei de falar para que me entendesses, nunca precisei de voltar atrás...
A porta que tinha fechado... eras tu que a abrias.
A porta ficava encostada quando eu partia... e o teu sorriso, esse... deixavas-o sempre pendurado à entrada, acompanhado de um beijo e livre de desejo... porque eu haveria de voltar um dia.


4 cores:

Anônimo disse...

Obrigado amiga. Também tu tens ajudado bastante neste progresso da minha vida.
Hoje decidi comentar o teu blog. :)
Estes textos podiam ser frases feitas que soam bem, mas conheço-te mesmo assim. És a leveza nos movimentos e a clareza dos sentimentos.
Tens vindo a evoluir. Confesso que não te achava nada assim (porque tambem não eras assim).
Tinhas aquele ar arrogante para quem eu olhava de lado. Hoje és das minhas melhores amigas, companheira de desabafos e de pielas dentro do carro. ;)
És uma pessoa linda que nunca hesita em sorrir quando tudo é cinzento.
Também tu és um sorriso.
Até logo.
*
Vera Araújo

Luis Francisco G Padrela disse...

alo. Sou aquele chato que te enviou mensagem para o Netlog... De Angola... segui o link... Li... Pensei... Recordei...

Sabes porque fui para Angola ?? A porta para mim nunca mais se abriu... Desculpa... Tinha que dizer isto...

Anne R. disse...

Luís... Existem portas que só se abrem uma vez. Mas são essas portas que nos ensinam um caminho e nos transportam para algo que também só acontece uma única vez.
Existem portas que se fecham com força... porque também nós somos fortes. Marca a diferença e guarda a chave, mas nunca te sintas tentado a abrir a mesma porta duas vezes.
Beijo e as maiores felicidades aí por Angola. ;)

Luis Francisco G Padrela disse...

É. A chave ficou guardada, mas naquela gaveta que nunca mais abrirei... Live and learn... Olha, foi grande lição de vida... Abri a pestana que foi um mimo!!! Aguente-se ;)