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sábado, 4 de outubro de 2008

Para quem compreende...


Um estranho desconforto consome-me como uma chama sedenta de arder.
Aqui, solitário, fechado dentro de mim,
Aqui, enclausurado entre o que serei e o que queria ser,
Vêem-me à cabeça postais desfocados
De outros lugares talvez encantados
Onde o sonho é tudo e é sinónimo de viver.
Mas aqui, dentro das quatro paredes
Da minha cansada e breve existência,
Todo o esforço de viver é trapézio sem redes,
Toda a ilusão é desmistificada em demência.
Chove. Continuamente.
Mas chove dentro de mim.
Lá fora a noite é clara as pessoas passeiam pelo jardim,
Mas dentro de mim chove!
Chove, e cada gota martela sem clemência.
Toda a quantidade de sentimentos, ambíguos ou objectivos
Correm dentro de mim confusos, como por um desatinado rio
Mas não têm foz onde desaguar e, no final, estão cativos.
Já revi toda a minha existência, reli-a integralmente, de fio a pavio.
Cansada, pousei o livro, por não conseguir aguentar.
Abri a janela na tentativa de, na aragem, me reencontrar
E lá fora, como vindo aconchegar-me do frio, a lua sorriu!

1 cores:

Anônimo disse...

Simplesmente lindo.
Um dia hei-de aprender a exprimir-me assim. Continua Rita.
És pura como cada palavra. ;)
Bjs