Porta do Destino.

Jamais permitirei que entres assim sem bater ou sem avisar. O tempo corre e muita coisa muda durante a tua ausência. Não percas o teu tempo com estas visitas planeadas apenas na tua cabeça.
Esta porta que um dia fechaste com força não tem a mesma suavidade como na primeira vez que a abrimos… os dois… lado a lado.
Tenho a minha vida e com o tempo, foste deixando de fazer parte dela.. porque tu o quiseste. Ponderei antes de abandonar a saudade, mas não posso viver agarrada ao passado onde prestei provas do que seria para ti. Fui demais. Acompanhei-te no caminho que te trouxe aqui e que um dia te fez ir embora. É confuso não é? Foi o que senti inúmeras vezes, quando as palavras faltaram e os gestos já não eram iguais. Tudo mudou. Sempre fiz questão de te alertar que um dia tal viria a acontecer, mas tu… nunca deste valor a esta situação e quiseste acreditar que eu estaria aqui para sempre.
Tens noção do que sofri?? Compreendes agora porque chorei quando me disseste que tinhas de ir?? A porta estava cada vez mais fechada, e tu onde estavas?? Longe!!!
E quando precisei de ti? Quando me senti sozinha… quando me senti fraca… quando senti saudade… Não!!! Tu não estavas.
Um dia compreenderás porque fui fria contigo e já pouco te tinha a dizer. Estava simplesmente a tentar que percebesses que involuntariamente me abandonaste e doeu.
Tentei tantas e tantas vezes manter este orgulho de quem sabe o que quer. Quis tanto estar perto… sem incomodar.
E tu? Como conseguias estar desse lado sem te custar??? Era fácil. Só agora percebi porque era fácil… Afinal a porta estava a fechar-se, mas continuava aberta.
Havia sempre forma de entrar mesmo quando já passavam dias e dias sem diálogo ou sem noticias. Porque eu estava ali. Porque eu ainda não tinha morrido e sabias que era incapaz de não te dar resposta.
Tens ideia do quanto me custa estar agora a dizer-te isto? Sabes quantas vezes tive vontade de o dizer nas (poucas) vezes que tivemos juntos depois de partires?? Não meu querido, tu não sabes. Mesmo que o sentisses, nunca irias acreditar porque afinal de contas, não confias em mim.
E agora sobram as palavras…
As palavras que não quero dês importância, são coisas minhas que um dia podiam ter sido tuas se tivesses demonstrado que voltavas pra nos vir buscar… ou pra ficar.
Não basta ficar magoado quando algo nos foge das mãos, porque sabes bem que a mesma coisa tem de ser reconquistada muitas vezes na vida.
Eu falhei. Admito que errei em muita coisa. Admito que não deveria ter-me humilhado tanto. Lembraste daquela vez em que te esperei à porta de casa e tu simplesmente não desceste?? Lembraste do dia em que disseste que adoravas estar pertinho de mim?? Pois é. Temos oportunidades e não as aproveitamos e depois… quando realmente as queremos… já passaram.
Houve uma noite em que me senti tão sozinha que não consegui dormir. Tinhas prometido que assim que tivesses saudades minhas me dizias algo. Eu esperei!!! Sentei-me no banco à porta de casa e recordei cada momento bom e mau que vivemos juntos. Olhei o telemóvel e nada. Passaram horas… muitas horas… Amanheceu… E já ao final do outro dia… uma mensagem… -“É claro que não me esqueço de ti borboleta… Amo-te”- . Não ??? Não te esqueces de mim?? Acreditas que durante estas 17 horas em que esperei por um sinal teu… pareceu que me tinhas esquecido???
Pois… Obrigada por demorares todo este tempo a perceber que afinal não me esqueces.
E agora que já nem o tempo corre com a mesma suavidade, que as palavras já não existem, que as saudades escasseiam… E agora que o teu sorriso voltou por outro motivo… Achas que vale a pena percorrer este caminho pela chegada que tu não desejas?!
Obrigada mesmo… Mas infelizmente já reparei que não é o amor que te move… enquanto eu espero… sentada… por um regresso sem hora marcada.